Blog de Lêda Rezende

Julho 16 2009

E de repente, aqui sentada, me deu um estalo.

Estalo.

A palavra certa. Tão rápida que a conclusão veio. Fez até um barulhinho.
Passei a mão nele. Senti. Pensei. Eis aqui um verdadeiro amigo. Fiel. Estável. Incondicional.

Comecei a lembrar. Das incontáveis vezes que fiquei com ele. Inúmeras lembranças me ocorreram. E sei que ainda estou sendo injusta. Muito mais deve ter me feito de companhia.

Lembro quando chegou. Foi logo se integrando ao novo conjunto.
Incluía todo tipo de perspectiva.
Fez-se de belo e esnobou o espaço. Ficou imenso. Mas ficou em seu quinhão. E dali só era movido em raros e especiais momentos. De busca. Digamos assim.

Escutou muitos risos. Risos de festa. De alegria. Lembro de algumas festas. Tão ativamente participou. Embora passivo parecesse.
Em uma estava de roupa nova. Cheirinho de talco.
Todos falaram dele. E falaram de si e dos outros. Diante dele.

Escutei alguém recomendar: não derrame o vinho nele. Cuidado. E o recomendado se ajeitou. De forma mais elegante. Para que tal transtorno não acontecesse.

Numa outra estava tão bonito. Todo branco. Muitos preferiram ficar de frente. Não se aproximarem muito. Sempre alguém cuidando para que não houvesse acidentes. Escutou histórias. Em vários sotaques e idiomas. Teve até briga em Inglês. Tudo diante dele.

Silencioso cedeu o espaço. A cada um dos conflitantes.

O tempo passou.
Com os risos e as lágrimas alternadas.
Tempos de mais risos.
Tempos de mais lágrimas.

Durante anos e anos. Mudou de aspecto. Mudou de espaço.
Mas sempre ali. Disponível.

Se na noite o quarto não permitia riso - era direto para ele que se caminhava.
Se os excessos acabavam com a certeza do percurso - ele era o primeiro a ser encontrado.
Se o caso era apenas um pouco de silêncio e penumbra - só junto dele existia esse lugar.

Não havia situação que ele não estivesse envolvido.

Negócios foram feitos diante dele. Ficou encoberto por fumaça. Cheirou a nicotina. Aceitou mãos tensas sobre ele. Até um tapa escapou certa vez.

Foi o único que sempre se manteve calmo.

Escutou promessas de todo tipo. Escutou desculpas. Desenganos. Enganos.

Foi daqui pra lá. De lá pra cá. Houve um tempo que esnobou o espaço. Outro em que se viu pequeno diante dele.

Conheceu gente que ficou por longo tempo e depois partiu.
Gente que ficou por pouco tempo e depois partiu.
E gente que chegou e jurou não partir.

Viu gente pequena crescer. Serviu de amparo para as perninhas que tentavam se deslocar. Trôpegas.

Entre idas e vindas. Continuou escutando. Todo tipo de emoção.

Foi aqui. Sentada. No meio da noite. No silêncio.
Que se deu então o tal estalo.
O que já falei antes. Não sei. Como nunca percebi isso.

Um fiel amigo. Viva o sofá da sala.

 

publicado por Lêda Rezende às 23:12

Adoreii o blog!!!!!!
Adoreiii ler esse post
espero ler mais depois
bjim
Moda Feminina a 17 de Julho de 2009 às 02:23

Viva! Vou-me lembrar deste texto quando encontrar um sofá que seja a minha cara e o leve para casa...ainda não tenho...
sara maria a 17 de Julho de 2009 às 14:18

eu tenho uma fiel amiga: a minha cama (risos) sabe tao bem deitar-me nela ao fim de um dia de trabalho!

Não estou muito triste, aliás estou bem, prefiro nao perder a amizade!
Amanha já é fim de semana pena que vou trabalhar
Beijos
Teresa Isabel Silva a 17 de Julho de 2009 às 14:49

ola, good
Peter a 17 de Julho de 2009 às 22:21

sim amiga trabalho 8 dias por semana, e recebo uma coisa pouca, mas tou a juntar para tirar a carta de condução (uma vez k xumbo sempre e são 121 euros para fazer exame novamente) e para a faculdade, mas como o meu horario é sempre das 18 ás 22 menos aos sabados k saiu do trabalho ás 23 horas! Por isso nunca tenho o despertador, graças a Deus pelo menos isso!
Mas eu tb gosto de trabalhar!
Hj estou mt feliz acabei esta noite o meu mais recente livro!!! O meu blog está em festa outra vez!
Beijos grandes e bom fim de semana
adorot
Teresa Isabel Silva a 18 de Julho de 2009 às 14:58

Blog de Crônicas - situações do cotidiano vistas pelo olhar crítico, mas relatadas com toda a emoção que o cotidiano - disfarçadamente - injeta em cada um de nós.
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