VII
A ideia surgiu num dia coerente - numa segunda-feira.
Para se pensar em fugas não existe nada mais estimulante do que acordar na segunda-feira com sono – lógico - e buscar uma saída. Qualquer saída - contanto que se possa ficar fora da rotina que a semana garante - desde o primeiro toque do despertador. Vai ver se algum historiador investigar vai descobrir que a História girou em torno da segunda-feira – por certo o dia das Revoluções.
Por uma dessas coincidências do desejo aliado à solidariedade do inconsciente – Leticia acordou naquela segunda-feira cantarolando uma musiquinha.
Dormira tarde na véspera – muito tarde. Fora rebelde e desautorizara o horário infantil. Dormiria no horário adulto – chega de tanta obediência.
O domingo tinha sido prazeroso. Acordara mais tarde e quando eles telefonaram com os convites para um domingo compartilhado – aceitou saltitante. Saíra para restaurantes e cafezinho com eles quatro. Passara a tarde de conversinhas e risadinhas. Cada um falou um pouco de si e escutou um pouco do outro. Riram de si mesmo e do outro. Um domingo leve e carregado de afetuosidade. Este um traço arraigado entre eles - a intensidade Padrão Ouro do afeto incondicional. Eis uma das poucas certezas absolutas que tinha na vida. E na Vida.
Quando se despediram voltou para casa para arrumar o dia seguinte. A segunda-feira.
Foi quando decidiu aumentar o tempo de vigília. Riu. Nada de controle de horas. E além do mais – poucas horas de sono também são também consideradas horas de sono. Nada de ficar nesta espécie de auto punição. Nem lembrava mais quando iniciara esta rotina tão rigorosa. Mas já foi respondendo ao pensamento - não lembrava quando iniciara mas já era tempo de revogá-la. E falou isso diante do relógio da cozinha. Um relógio quase maior do que a cozinha que comprara numa manhã de sábado logo depois da mudança e do Futon.
Até riu lembrando a Televisão. Parecia que tudo era maior do que os cinquenta metros quadrados. Agora não tudo – a obediência diminuíra de tamanho. Assim falou para os tais ponteiros mas com todo o cuidado para não ser vista. Não pelos ponteiros – mas por algum membro mais desocupado da vizinhança já que deixara a janela e as cortinas abertas. Nada daquela ameaçadora camisa branca de tirinhas para trás. Já que escapara do duende verde não seria por ponteiros de relógio que iria se comprometer.
E afinal – estava dentro da própria posse – algo já bem definido.
Mas assim fez. Dormiria quando estivesse com vontade de dormir – não porque teria que dormir. Falou o que tinha que falar para o relógio – e fez todo um lúdico. Por via das dúvidas – com posse ou com exageros - decidiu fechar as cortinas.
Acendeu as luzes da sala. Enquanto separava roupas e material da – inevitável segunda-feira - colocou um CD da Maria Callas. Tudo ia muito bem até que entrou a Casta Diva.
Pronto. Ai já era como se tivesse mudado para outra esquina.
Cada vez – e nunca soube porque – que escutava Maria Callas cantando Casta Diva – chorava. Era instantâneo. O som começava e as lágrimas caiam. Quando assistiu ao filme biográfico – saiu do cinema como se tivesse saído de um enterro. O nariz vermelho sentia-se bem à vontade entre os dois olhos inchados. Notou que algumas pessoas a observavam e fingiu um espirro. Pode até ter convencido às tais pessoas que a observavam – mas não aos olhos. Indiferentes - continuavam dispensando lágrimas.
Nem o Ronaldo com todo o saber interpretativo conseguiu ajudar a decifrar. Caminharam pelo Casta. Depois pelo Diva. Depois pela voz. Depois pelo libreto. Nada. Nunca deu certo. Só as lágrimas. Desistiu.
Ainda bem que choro pela Casta Diva. E deixou de se preocupar.
Enquanto a noite prosseguia - obedecia às lágrimas e desobedecia ao horário. Enfim. Nada é perfeito e não há rebeldia sem preço.
Escolheu livros. Pensou em dar uma organizada na estante – mas recuou. Nada de tarefas. Caminhou pela casa. Telefonou para uma amiga distante – falaram pelo tempo que acharam que deviam falar. Passeou pela casa novamente.
Trocou de música. Chega. Agora passaria às canções napolitanas.
E de rebeldia em rebeldia quando foi dormir já sentiu aquele friozinho que a madrugada sempre trás. Ainda ligou a Televisão – mas já cansada – desligou e dormiu. Não sem antes dar uma olhadinha para o malvado relógio e seus cruéis ponteiros. Quase deu um grito – mas não quis dar uma de arrependida. Até falou em francês – non je ne regrêt rien.
Esta a ultima lembrança que teve da noite quando acordou pela manhã - atrasada e sonolenta. Claro.
Às pressas foi fazendo – ou cumprindo – o necessário. Nem percebeu que cantarolava enquanto organizava o trabalho da Fadinha. Até as plantinhas foram regadas ao som da tal musiquinha.
Não era uma musiquinha comum. Muito menos habitual. E nada tinha de regional. Foi atentar ao que cantarolava já saindo de casa. Fechou a porta – e se escutou.
Cantarolava mi Buenos Aires querido cuando yo te vuelva a ver. Esta a musiquinha que a acompanhou não só no despertar mas - também - durante todo o dia.
A cada intervalinho – lá estava cantarolando a música do Gardel.
Voltou para casa. Parabenizou a Fadinha. Organizou o dia seguinte. E recomeçou a cantarolar a musiquinha.
E cantarolando - correu para a Internet. Quanto será que custava um final de semana em Buenos Aires – quase perguntou desta forma ao Sábio da Internet.
Perguntou parecido. E resposta do Sábio veio imediata. Uma listagem de Agências de Viagem apareceu na telinha do computador. Olhou seguidas vezes. Deixou até a janelinha aberta para continuar olhando. Procurou se ocupar para afastar o olhar. Desta vez até arrumou um ou dois livros.
Voltou. Olhou de novo. Escolheu uma das Agências listadas. Leu fingindo pouco interesse – mas percebeu em rápidas piscadas que estava ao alcance da conta Bancária. Se arriscasse seria como um deslize sem fraturas nem maiores repercussões. Nada que alguns pequenos atos engessados em dois ou três finais de semana – fizessem o contraponto.
Há tanto tempo que não viajava. Com as mudanças do previsto para o abolido e com a arrumação e reforma dos cinquenta metros quadrados – muitas restrições se impuseram e na ordenação de – isso não – as viagens inauguravam o item um.
Nunca viajara sozinha para laser. As viagens que fizera sozinha eram viagens de Congresso e colegas e amigos estariam em torno dela. Apartamentos de hotel eram divididos com as amigas também congressistas. A parte de turismo e laser ficava imprensada em aulas e conferências e pouco conhecia nestas cidades que fosse muito além do local do Congresso e fora do percurso de ida e volta ao hotel.
Esta seria a primeira vez que iria sozinha – por conta dela – para um roteiro escolhido por ela. E com as datas de acordo cm o ímpeto dela. E bem distante de aulas e atualizações técnicas. Esqueceria a profissão. Dispensaria as apostilas e certificados. Até riu. O certificado agora seria oferecido a ela por ela mesma. Um belo curso intensivo – de si mesma. Ótimo. Quem sabe aprenderia a lidar melhor com as próprias faltas e ausências – como bem alertava o Drummond.
Viva o cantarolar matutino.
Olhou o imenso relógio. Ainda conseguiria um atendimento.
Ligou. Atenderam. A mocinha desta vez não falou aquele – sim pode falar – da agência do Francesco – mas foi educada no – pois não. Quase comentou com ela que bem melhor é começar com um sim. Nada disse nem insinuou – que cada um escolha onde colocar o sim ou o não. Não seria ela agora Orientadora de Agência. Já tinha tarefas demais. E só queria possibilitar um destino temporário – uma fuga com passagem de volta - apenas isso. Uma questão de segunda-feira.
Mas quando falou o destino – a mocinha pareceu se entusiasmar. Estivera lá quinze dias atrás. Acrescentou o quanto gostava daquela cidade. Da música. Da dança. Da alegria das pessoas. Da comida. Da noite. Falou tanto e sequencialmente que até se desculpou e retomou a formalidade. Leticia entendeu como um sinal do Universo. Teve a música saída sabe-se lá de onde ao acordar - agora a primeira agência que entra em contato já atende uma mocinha apaixonada por Buenos Aires.
Por certo um bom sinal. Um ótimo sinal. Um excelente sinal.
Recatada com a gradação dos sinais apenas fez as perguntas de praxe. A mocinha respondeu obviamente baseada em alguma gélida tabela – mas a cada resposta parecia vir um incentivo no estilo – vai sim. Na pergunta pelo número de reservas explicou – somente eu. A mocinha informou dos valores.
No momento seguinte já estava lendo para a mocinha entusiasmada e do – pois não – o numero do Cartão de Crédito. Sim. Iria sexta-feira no começo da manhã e retornaria no domingo no começo da noite. Sim. Já na próxima sexta. Correto. Perfeito.
Estava feito. Sentiu-se até vingada. Só depois lembrou a pergunta e a resposta pelo número de reservas. E do sobrenome do apartamento do hotel – single.
Desligou e ficou de pé. Assim. De pé e silenciosa. Onde já se viu – comprar uma passagem porque cantarolou uma música. Imagina se tivesse sido uma polca. Ou uma valsa. Deveria sim – ligar para o Cartão de Crédito e cancelar a compra e a reserva. Depois confirmar o cancelamento com a Agência. Ou já sair para comprar a tal camisa branca com fitinhas que amarravam os braços para trás. Pensou até em colocar a Casta Diva para que chorasse provocado e disfarçado.
O chorar disfarçado quase a remeteu a uma simbolização causal das lágrimas ao escutar a música – mas interrompeu.
Ia começar a se recriminar mais intensamente ainda - quando sentou. Só faltava uma auto-flagelação.
Mas respirou calma. Foi até o espelho – confirmou ser ainda ela mesma. Voltou para a sala. Relaxou. Tentou controlar a adrenalina. A serotonina. A histamina. A taquicardia. Até se acomodou melhor na cadeira para se sentir mais segura.
Parabéns – disse de si para si. Vai viajar no final de semana por sua conta e autoria. Estão impedidos de danificar o corpo qualquer que sejam os sintomas vindos da mente desvinculada de realidade. Assim. Tipo uma ordem inversa.
Se pode ficar no apartamentinho sozinha - pode ficar num hotel sozinha. Se pode ir ao cinema sozinha – pode ir ao Teatro sozinha. Se pode sair de carro sozinha – pode sair de avião sozinha. Se pode resolver toda a reforma sozinha – pode escolher todo o roteiro sozinha. Se pode dormir sozinha em Português – pode dormir sozinha em castelhano.
E muitos desses – sozinha – não foram consequentes da mudança. Rememorou e quase enumerou. Assim fora e assim agira tantos e tantos anos. A diferença é que – semelhante às lagrimas disfarçadas pela Casta Diva – parecia estar acompanhada.
Toda a parte de prazer cultural sempre fora sozinha. Um não gostava de determinado filme. Outro não gostava de determinado teatro. Um reclamava de muita gente. Outro de muito sono. Um de dor nas costas. Outro de humor inadequado para filas. E por aí seguia. Um dia ela decidiu que poderia dispensar os desconfortos de um ou de outro e passou a ir com ela mesma. Lá estava o alter ego mais uma vez de interlocutor. Não achava maravilhoso ir sozinha – entendia que a diversão começa quando o filme ou a peça acaba – mas se assim era para ser que assim fosse. Sabia que são as conversinhas de botequim depois do que se assistiu que faz valer a diversão - mas se habituou a contracenar consigo própria.
Depois da tal lista de sozinha – e da conclusão do disfarçada - estava feliz.
Pela primeira vez se sentiu realmente vestindo a própria pele. Faria o que desejasse. Não se comprometeria com a vontade alheia. Riu. De alheia já era suficiente ela com ela mesma.
Fosse uma entalhadora e entalharia um Tótem – o do Ego. Mas faria com certeza uma comida totêmica – um banquete totêmico - bife de chourizo. E a bebida também totêmica – vinho. Riu. Desta vez riu mesmo. Adeus Casta Diva. Agora seria Allegra Diva. Pensou e falou mais algumas bobagens e levantou.
Foi tratar de organizar o roteirinho. Antevendo a rotina de trabalho da semana atropelada para adiantar os atendimentos da sexta-feira – por certo mal teria tempo de planejar a viagem. Agora sim – como num prefácio - iria cuidar do nem bem planejado e já executado. Separar os horários. Teatro. Casa de Tango. Passeios na Recoleta. Cafés. Vinho em Palermo. Feirinhas de artesanato nas pracinhas. Aquela cerveja deliciosa no final do dia. Comprinhas - que ninguém é de ferro. Livraria Ateneu. Brindar el Caminito. Servir-se da doce brisa portenha.
O Sábio da Internet veio em auxílio. Não faltou opinião ou sugestão. Jogou até um beijo para o Sábio. Sorriu para o Universo e enviou um - muito obrigada. Há tempos aprendera que se escuta com os próprios ouvidos e se enxerga com os próprios olhos. Estava na hora de colocar em prática esta tão simplória teoria. Sem disfarces nem obstáculos. Assim. De corpo e alma – presentes.
Não precisou do Francesco. Nem do Giovanni. Nem de quem quer que fosse - para servir de companhia ilusória. Não precisava do olhar do outro. Não precisava se explicar a ninguém. Viajaria sozinha porque naquele momento lhe daria prazer. Nada a ver com o passado nem muito menos com o futuro. Estava com vontade de ir a Buenos Aires e iria. Simples assim.
Desta vez dormiu mais cedo. Preferia não acompanhar a demora dos dias. Dormiu e sonhou aterrissando e buscando um táxi. Hablava en Español. Não só a Realidade gosta de sonhos - os sonhos também gostam de Realidade – foi o que pensou quando acordou.
Não sabia dizer se dormir cedo acelerava o processo do Tempo – mas a quinta-feira chegou célere. A Agenda fora fechada e os remanejamentos agilizados. Nada ficara sem a devida cota de responsabilidade valorizada.
Desta vez Leticia arrumou a roupa da viagem o material da viagem – que seria no dia seguinte. Arrumava e falava sorrindo. Amanhã a esta hora – olhou irônica para o tal mégalo-relógio e falou – amanhã a esta hora estarei lá.
Quando contou a eles – os quatro se surpreenderam. Cecília achou maravilhoso e sorrindo acrescentou um – força na peruca. Aline perguntou repetidas vezes se ela iria sozinha mesmo e fez um olhar mais convencionalmente desconfiado. Roberto pediu um pouco preocupado que ligasse duas vezes ao dia dando noticias. Renato riu e desejou excelente viagem.
Deixou com eles todas as formas de contato em Buenos Aires e prometeu ligar as duas vezes ao dia.
Ele quando soube pareceu entristecer – mas fez poucas observações - apenas perguntou que dia voltaria.
Mas enfim. Lá estava ela em casa – sozinha – arrumando a valise. Estava econômica no espaço e no peso. Já sabia bem desde a Televisão e dos móveis arrastados de um lado para o outro – o limite dos braços. Há o que pesa desgastando e há o que pesa com leveza. Ela e os braços dela já eram quase um Tratado de Filosofia e Energia. Levaria o necessário para um final de semana. Nada além do que usaria caso ficasse na cidade e saísse durante o dia e a noite. Parecia tão simples quando assim pensado. E assim mesmo foi – simplesmente - atuado.
Podia segurar a valise com uma mão só. Mão só - a fez dar uma paradinha. Mas dispensou o pensamento com a mesma rapidez que despertara a atenção dela junto com um erguer da sobrancelha. Sobrancelha de volta ao lugar certo e pensamento banido. Deixa para depois. E talvez nem para depois. Até relembrou o Freud e o deixou ficar – um charuto muitas vezes é apenas um charuto.
Que bom que com uma mão só podia segurar a valise da viagem que decidira fazer. Até balançou a cabeça de forma positiva. Achou perfeita esta alusão seguida da conclusão.
Numa mão a valise. Na outra mão os documentos. Na expressão - a emoção. Sentiu-se poeta de si mesma. Fechou os olhos e já se viu chegando lá. Sentindo a brisa portenha – como costumava dizer. Só comprava a brisa portenha com a brisa do mar. Ai sim. O Rio da Prata que perdoe mas a brisa do mar era a vencedora – primeiro lugar no concurso de brisa.
Enquanto organizava o Departamento de Viagem – como também costumava nomear sorrindo - optou por colocar todos os cd’s de Tango que estavam abandonadinhos na estante. Separou o que encontrou – ainda não tinha arrumado esta parte da estante. Quase se arrependeu. Fosse mais organizada e encontraria o que procurasse. Só teve o cuidado de não aumentar muito o som – não queria desconfortar a ninguém – queria apenas se regozijar. Já estava recostada no Futon com todos os sentidos em estado de alerta e quase sentindo o cheiro da tal brisa - quando olhou para o lado.
Sim.
Um cuidado especial se fazia importante. As plantinhas precisavam de uma outra mão. Não suportariam um final de semana inteiro sem ajuda. E não as deixaria ao abandono. Lembrou a amiga querida e a fala sobre a crueldade da sede permitida pela imobilidade natural. Mas resolveu. O zelador que já avisara inúmeras vezes – se precisar é só chamar – foi chamado.
Sim. Regaria as plantinhas pela manhã do sábado. No domingo não seria necessário – ela já estaria de volta. Não comentou para onde iria - nem como nem por que. Estava aprendendo que nada tem que ser explicitado. Acaba-se invadido pelas contradições de muitos e de cada um. Lembrou os conselhos do pai.
Sexta-feira acordou cedo. Muito mais cedo do que o habitual e do que o necessário para a viagem. Mas acordou. Uma certa tristezinha chegou de repente – muito mais cedo do que o habitual ou do que o necessário. Olhou para a valise arrumadinha e apressada – já estava na porta de saída. Olhou para a mão.
Enquanto se arrumava – olhou para o espelho. Sorriu e disse – até a volta. Quando eu voltar você é que vai me olhar diferente. E dispensou a tristezinha.
Pegou o que de momento lhe pertencia. Abriu a porta. Colocou a valise próxima ao elevador. Voltou. Despediu-se das plantinhas. Deu folga à Fadinha. Fechou a porta e desceu.
Numa mão a valise. Na outra mão os documentos. Na expressão - a emoção.
Na Portaria um táxi a aguardava conforme combinado. Cumprimentou o motorista e seguiu para o Aeroporto. As mãos da Leticia livres da valise e documentos – cumprimentaram-se efusivamente.
Sorrindo – cantarolou - mi Buenos Aires querido yo te vuelvo a ver.