Blog de Lêda Rezende

Março 22 2009

A noite era de festejo.

 

Ele estava lá. Parecia cansado e feliz. Não sei se na mesma dose. Mas sorria. Era também a noite dele. Seus símbolos estavam inseridos num contexto onde se faziam decifráveis - em sua maioria. Tapinhas nas costas. Risos. Sinceridade. Insinceridade. Tudo que faz parte do cotidiano social saudável. Noite de autógrafos. Cada um regendo sua letra. Cada um lendo seu mérito. Cada um se sentindo ilimitado em seu espaço.

 

De repente os encontro.  Ela sempre gentil. Delicadinha. Pode ser alta, muito alta, mas o estilo e o riso são da delicadeza de uma miniatura. Sempre sorridente. Atenta a quem gosta. Ele faz o par perfeito com ela. Irreverente. Foi logo poupando o peso da bolsa no ombro dela. Colocou em seu próprio ombro. Sabe bem o Lugar que ocupa. Não precisa de valise de rótulos. Já se livrou disso. Faz tempo. Sábio.

 

Começamos a rir por causa de um coelhinho. Nunca poderia imaginar que ela conhecia a revolta do coelhinho. A minha revolta do coelhinho. Então fora mesmo verdade. Ela custara a crer. Sim. Porque o coelhinho dele morreu - deram o meu. Para que ele não ficasse triste. Que idéia. Que forma de lidar com a tristeza. De um. Em detrimento da alegria. Do outro. Mas acho que é sempre assim. A alegria acaba sempre perdendo para a tristeza. A disputa tem sempre o lado certo para pender. Igual a mocinha que mudou de lugar por causa do riso. E isso nos trilhos da bondade.

 

Não acreditei quando ele começou a me contar. Novo festival de sustos. E esse seqüencial. Nem bem eu tomava um e já vinha outro. Incrível como o susto percorre todos os espaços.

 

Ele adorava este escritor português. Um ponto em comum forte. Entre nós. Este foi o primeiro susto. Em geral o acham monótono. Prolixo. Tem gente até que já dormiu em meio à leitura. Tratou o coitado do escritor como um edredom. Dormiu enrolada nele.

Mas ele não. Igual a mim. Idolatria. Total. Absoluta. Irrestrita. Indicou um livro dele. Não conhecia. Saímos para comprar o livro. Voltamos. E lá se veio outro susto. Começou a me contar o incidente. Ou acidente. Linha de separação difícil esta.

 

Ele havia encontrado uma vez com este autor. Este mesmo autor. Idolatrado. Lá estava ele. O autor. Sentado numa mesinha no aeroporto. Ele o viu de cima. Parece uma disparidade. Alguém vê-lo de cima. Ele embaixo. Mas foi assim que o viu. Sentado. Numa mesinha de aeroporto. Lendo sozinho. Desceu pelas escadas. Rapidamente. Postou-se diante dele. Apresentou-se. Humilde. Falou da admiração. Da emoção. E colocou as mãos meio trêmulas em cima da mesinha.

 

Agora sim. Susto geral. O escritor sentado. Sossegado. O visitante emocionado. Agitado. E a mesa caída.

 

Sim. Caíra tudo no chão. Pelo chão. Acho que até a emoção caiu espatifada. Coberta pela vergonha. Onde já se viu. Encontrar com um autor homenageado pelo mais importante prêmio no mundo e derrubar tudo por cima dele. Ao lado dele. Aos pés dele.

 

Vai lá saber. Não há geometria exata para definir estas situações. Mas há a certeza da crueldade da lei da Gravidade. Por um fragmento de segundo lembrou que sempre quis nascer em Plutão. Lá essa lei não existe. Quase riu. Aqui vale uma exclamação. Não para a mesa. Nem para a queda. Mas - novamente - para o decorador!  De onde saiu a idéia. De uma mesa com apoio apenas central. Tinha que culpar a alguém. Culpou o decorador. Me senti aliviada. Não sou apenas eu que vivo de bronca com os pobres decoradores. Achei um parceiro para esta empreitada já longa.

 

Pediu desculpas. O autor foi incisivo. Tranqüilizou. Perguntou pelo corporal. Se havia se machucado. Pelo emocional ele já sabia. Não precisava perguntar. Era admirável até diante das quedas. Das derrubadas. Entendia da cegueira diante do real. Das intermitências de uma emoção. Sabia entender. Afinal vivemos todos em nossas ilhas. Tentando conhecer as dos outros. O duplicado de cada um na simplicidade de uma mesa derrubada. Não podia ser diferente.

 

Na saída comentamos os nossos objetivos. As nossas idéias. E ficamos os três rindo. De coelhinho doado a um fã perdoado ficamos nós a entender os símbolos que a tecnologia tentava decifrar. E não há código - ou magia - maior que o olhar da imaginação de quem escuta. Pela descrição de quem relata.

 

Do coelho ao autor estendeu-se a nossa ilha mais um pouco conhecida.

 

Sem roncos de motor. Sem sandálias no tapete. Sem números da Gravidade.

 

Mas com muito mais barulho e levantamento de taça que a mais vã Olimpíada poderia supor.

 

 


Março 22 2009

A noite começara cedo. Logo depois das tarefas nossas de cada dia. Eram os últimos dias das férias dela nesta cidade. Apenas um mês de férias. As celebrações se repetiam Depois de tanto tempo, tudo que se podia pedir era mais comemoração. Ela estava feliz. Parecia ao menos bem feliz. Não sei se pelo passado. Não sei se pelo presente. Ou se pelo tempo que voava em meio ao tempo que ficava. Não importa. Importa que estávamos todos ali. Os amigos mais próximos. Felizes.

 

O cardápio exato. Qualificado. Menu com nome e sobrenome. E adjetivo. Espiritual. Procede. O espírito mais alimentado que o corpo. Embora este tivesse muito bem acariciado pelo sabor.

 

A sala linda. Belos tapetes aqueciam o ambiente envolto na noite fria. A luz morna desenhava os contornos na parede. Os bibelôs marcavam o tempo ido. Nas fotos as idas e vindas no tempo. Tudo em acordo com a idéia. De afeto. De festa. De acolhimento. A mesa colorida. O vinho sombreava o toque gentil dos excessos. Entre pratos, taças e talheres os risos abençoavam a cena. Lembrei daquele filme. Lindo.

Onde a beleza e os prazeres são cantados em volta da mesa. E todos erguem um brinde. Ao amor. Linda cena. Que me perdoem os que discordam. Direção de italiano é diferente. Mas deixemos os italianos. E a direção.

 

A festa é lusitana. Lusitana de estilo lusitano. Agora me confundi. Vai ver o espiritual está contorcendo meu espírito. Ou torcendo. Por causa do pensamento anterior. Ou do acontecido anterior. Melhor tomar mais cuidado.

 

Ela também estava. E surpreendia com seus comentários rápidos. Parecia bem à vontade. Embora com um jeito mais tímido.

 

Agora dava para ser tudo saboreado. Com parcimônia. Com suavidade. Bem diferente da minha chegada. Cheguei um pouco mais atrasada, mas nem por isso menos acelerada. Foi o que transpareceu. Explicitamente. Tivesse uma pilastra e teria também transparecido. Ri. Agora dá para rir. Na hora, não.

 

Parecia cena de filme. Esta por certo não seria do tal diretor italiano. Nada tinha de requintado. Tropecei. No tapete. No tal tapete que aquecia a sala.

 

Mas enfim. Sempre tenho algo a ver com os decoradores. Um dia é uma pedra. Outro, um foco de luz. Desta vez um tapete. Tropecei. Justo na hora que ia cumprimentá-la. A borda do tapete virou. Prendeu no salto da minha sandália. O que seria uma entrada elegante se transformou. Quase tragédia. Digo quase porque toda tragédia sempre poderia ser pior.

 

Lembrei mais uma vez de minha sábia avó. Veja onde pisa menina, veja onde pisa. Nada. Mais uma vez. E lá se foi meu educado cumprimento.

 

Tropecei. Fui de vez em cima dela. Lembro-me dos olhos dela. Esbugalhados. Um passinho para trás. A mão erguida tentando salvar o vinho. Ou a taça. Ou o tapete. Ou a vida. Não sei. Foi tudo muito rápido para tecer filosofia. Ou desenhar telas. Foi de uma só vez. Cai por cima dela. Que me sustentou. Salvou a taça. O vinho. O tapete. Juntas nos abraçamos naquele afã eufórico, diriam os desavisados. E acabamos de encontro dorsal ela, frontal eu, no aparador. Que graças-a-Deus-estava-ali. Bendito seja agora o decorador. Vou levar flores no sindicato. Vou postar mais textos. Tudo em homenagem aos decoradores. Até ao inventor do aparador. E lá nos estiramos. As duas atracadas. Uma de braço pro alto erguendo uma taça e a outra com as pernas trocadas tentando segurar a mesma taça. Amparadas pelo dito móvel. Que ainda bem assim não se entendeu. Ficou imóvel. Portava os bibelôs. Um murmúrio geral fazia a cena quase olímpica. Todos com respiração suspensa. E nós duas com pernas e braços trocados. Ela erguendo a taça.

 

Fosse presente o mestre austríaco e mais um volume seria escrito.

 

Enfim acabamos o tal cumprimento. No alvoroço. Senti que todos respiraram de volta. Quase faltou oxigênio. Na sala. No prédio. Nos recompomos. Ela mais que eu. Ela tentava colocar os olhos no espaço correto da face. Re-encaixar o braço no ombro. Pousar a taça no aparador. Dobrar os dedos para avaliar o funcionamento. Eu tentava – simplesmente - entender direito e esquerdo. Pensando em meus pés e pernas. Lembrei de um filme. A ajuda vem de cima. Algo por aí. Porque escutei uma vozinha delicada atrás de mim.  Oferecendo um vinho. Aceitei. Mas antes sentei. Acredito que por prudência, ela se sentou mais afastada. Bem mais afastada. Segurei minha taça.

 

Desta vez com os braços na posição correta. Prendi o riso. Com tanta força que até me vi com o mesmo esgar da moça ruiva dos lábios preenchidos. Acho que fiquei igual a ela. Só que menos orgulhosa. Mas me contive. Também era o mínimo. Depois de tanta expansão.

 

Voltamos ao proposto. Fomos para a mesa. Ela se sentou ao lado dele. E ficou meio espaço atrás. Vai ver ele também resolvia ser efusivo. Ficou mais atenta ainda.

 

Fomos para casa. Oferecemos carona. Ela nos olhou. Senti uma dúvida. Ia recusar, mas aceitou. Sentou atrás dele. Na descida fez um pedido. Não precisam descer para me acompanhar. Fiquem tranqüilos. Fiquem no carro.  Obrigada. Boa noite. Ordenou. Nos despedimos aqui dentro mesmo, do carro.

 

Na calçada, atrás dela, tinha uma árvore com galhos baixos. Vi um filme de terror. Obedeci.

 

Tirei as sandálias no carro. Relembrei a cena do encontro. Da despedida.

Enfim pude rir relaxada.

 

publicado por Lêda Rezende às 15:46

Março 22 2009

Durante muito tempo eu recriminava o Universo por me ter colocado vivente, digamos assim, ou existente – para dar um certo toque filosófico - no século XX. Sim. Vivia repetindo. Queria ter nascido na Idade Média. Época dos galanteios. Dos castelos. Das muitas salas. Do espaço. Dos cavaleiros. Das tapeçarias. Das roupas femininas cheias de mil-saias. Das festas. Do romantismo exagerado.


Quanta bobagem. Qual nada. Idade Média tem muitas faltas. Falta principalmente a comunicação. Ou melhor, a rapidez na comunicação. Anos para uma carta atingir seu destino. Aliás, outros tantos para se escrever uma carta. Agora lembrei daquele filme. Em que ele escrevia a carta sobre as costas nuas de uma mulher. Para outra mulher. Tudo bem. A Idade não era Média. Nem as mulheres. Nem o escritor. Nem a idéia. Enfim. Isso é o de menos. Menos mediano. Ri. Ainda bem que agora existe outro tipo de mesinha. Com tanta rapidez atualmente iria faltar costas de mulher.  Isso sem falar na quantidade. De escritos.


Por isso também agora mudei de idéia. Nada de queixas ao Universo. À ordem de chegada.  Mudei radicalmente. Viva o século XXI. Nasci até adiantada. Vai ver que o XXII será ainda mais dirigida. A comunicação. Vai ver na base da transmigração. Metafísica palpável. Sabe-se lá. O futuro sempre comporta mais fantasia que a nossa vã realidade pode suportar.


Mas o século XXI já está bem animado.  Acho que num prazo mínimo de quinze dias me inclui. Numa família. Leram. Recomendaram. Comentaram. Me fizeram chorar. Me fizeram rir. Vale mesmo uma exclamação para cada um!!  Até porque irmão sempre tem que ter tudo igual. Desde pequenino. Ri. Só não sei se eles vão rir também.

Agora me sinto incluída.  Rapidamente.


Imagina na Idade Média. Até os irmãos serem localizados. Não devia ser fácil a numeração dos castelos. Vencer poços com jacarés. Sem falar na saúde dos cavalos. E dos seus cavaleiros. Vencer as doenças. Correr por tantas estradas. Atalhos. Cruzar rios. Tudo isso segurando os pontos de exclamação. Vai ver por isso havia tanta luta na Idade Média. As lanças atiradas de longe. As espadas arrancadas de pedra. As brumas. O cálice perdido. As maçãs flechadas em cabeça de filho. As florestas com os ardis. Tira-se de quem tem mais. Para se dar a quem tem menos. Ou o contrário. Vai lá saber. Cada um legislando os dotes. Muita confusão.


Quanto tempo duraria a entrega das exclamações. Quando chegassem ao destino já seriam interrogações. Ninguém mais se lembraria do que se tratava. Pior ainda. Os destinatários poderiam ter viajado. Mudado de castelo. E virariam reticências. E como reticências ficariam perdidas. Até que algum dia alguém desse a elas um ponto final. Sem nunca terem atingido seu objetivo. Com muita sorte virariam talvez um hífen desses, colocados de qualquer jeito para que figurassem em algum cartório. A serem estudados no século XXI. Numa tese francesa sobre O Desaparecimento das Exclamações na Idade Média.


Sempre ficaria em cada vírgula, uma dúvida. Desta agora gostei. Daria até uma frase do dia. Embora sempre justifique um ponto de seguimento. As frases do dia. Para que sigam mais frases no dia seguinte.


E nisso tudo ainda me preocupam. As exclamações. De que adiantaria uma mala cheia delas. Se nunca alcançariam seu destino. Se duas já seria complicado a entrega. Imagina a minha mala como ficaria. E naquela época também não era mala. É verdade. Eram baús. Procede. Agora entendi.


Que sorte a minha. Deixei o Universo sempre assustado. Com a queixa temporal. O Universo querendo que eu entendesse a escolha. O tempo. A distância. A rapidez. E eu reclamando. A minha avó já me alertava. Deixa de ser renitente, menina, deixa de ser renitente.Estava certa.


Ponto final. Curei.


Viva o século XXI e a entrega rápida das exclamações!!

 

 



Março 22 2009

Quem será que teve a idéia. Como diria minha avó. Toda idéia tem que ter um motivo, menina, tem que ter um motivo. Falava algo mais ou menos por ai. Na realidade acho que se viva ela estivesse me daria um puxão nas orelhas. Onde já se viu. Ficar repetindo o que ela falava assim. Sem mais nem por que. Ela também adorava uma pilastra. Herdei dela. Agora estou saindo junto com ela. Da pilastra.

 

Mas enfim. Quem será que teve aquela idéia. Eu, de pé diante dele, tentava achar uma explicação. O tal motivo. Basculava se teria uma conotação terrena ou divina.

 

Um calor que poderia ser comparado a um outro, não fosse a impropriedade do termo em meio ao ambiente.

 

Colocaram um foco de luz. Um enorme foco de luz. Nos degraus da escada. Vai ver foi o mesmo decorador da enorme pedra.

 

E ficava atrás de mim. Também atrás dele que estava ao meu lado. Imaginei mil títulos de reportagem. O tule incendiado. Fogo na cerimônia. Cabelos tostados. Calças queimadas. Lembrei do filme. Paris está em chamas. Até uma mais trágica. Tochas humanas. De um outro filme. Por quem os sinos dobram. Não faltaram slogans.

Lembrei dos cílios. Do ventinho suave. Das ameaças da véspera. Do riso na cozinha. De nada resolveu. Podia piscar acelerado que não diminuía o calor. Olhar plumoso. Nada resolvido. E o calor aumentava.

 

Ainda tinham os fotógrafos. Com um foco de luz. Um carregava o foco. O outro a câmera. Acharam poucas as luzes. Olhei para baixo. E atrás. O enorme foco ficava aos pés. Nos calcanhares -  para dar uma precisão anatômica. Aquiles teria se sentido vingado. Ou solidarizado.  Nada de tendão cortado. Isso era coisa do passado. Tendão assado. Tostado. Incinerado. Nem precisei me esforçar para não rir. Não estava em condições locais e climáticas que permitissem o riso.

 

Ele me sussurrou. Sentia os pés queimando. Fiz que se faz nestes lugares. Para que fosse apenas uma metáfora. Depois informou. Nem sentia mais os pés. Já deviam estar necrosados. Novamente não precisei conter o riso.

 

Tentei piscar mais uma vez para diminuir o calor. Nada. Vou processar o fabricante. Dos cílios. Do foco vou pensar. Não pode ser nada assim. Sem muita reflexão. Até porque reflexão é o termo exato.

 

Mas como vivo agora entre sustos lá se veio mais um. Olhei, tranqüila, para as pessoas que estavam em frente ao grupo que eu estava. Havia, dentre eles, uma mocinha. Vestido azul claro. Longo. Cabelos longos. Pele clara. Uma franjinha. Não acreditei no que vi. Lembrei dos desenhos animados. Os meus emplumados olhos saindo da face com uma molinha. Fiquei mais atordoada do que pasma. Entendi até o ator-doado de tempos idos. Vai ver foi assim que começou. O atordoamento dele.

 

Os cabelos dela, a franjinha - voavam. Os fios até chegavam ao rosto. Ela, já com impaciente delicadeza, afastava da face. Olhei para todos os lados. Para cima. Para baixo. Queria descobrir. De onde vinha o vento. Pensei assustada. Seria dos meus cílios postiços. Testei. Mantive os olhos fixos. Como aquela brincadeira de criança. Nada. Eu fiquei catatônica e suada. Os cabelinhos dela voavam. Pensei de novo. Porque será que Ele só gosta dela. Faço nada de tão errado assim. Porque esse demérito. Ou seria uma forma divina de lembrar. As diferenças. As culpas. Lá me lembrei do russo novamente.

 

E suava. Suávamos. E o calor aumentava. Só conseguia pensar nos destaques das noticias. Já sentia até o cheiro do couro queimado. Dos sapatos dele. Ou dos pés. Olhei para o fotógrafo que se postou a minha frente. Imediatamente me veio à mente um termo cientifico. Sudorese profusa. Isso dá até UTI.

 

Mas acho que Ele se apiedou. Porque foi rápida a resposta aos meus pedidos. A lâmpada. O foco. A luz. Apagou. Apagou. Esta única luz apagou. As demais continuaram acesas. Desta vez foi diferente.  Me deu vontade de rir. Enfim. Tive que conter o riso. Olhei para cima. Pedi perdão pelo riso afoito. Pelo pensamento que insistia em se fazer notado. Porque pensei que podiam ter sido os meus cílios. Vai ver olhei séria para o foco. Ou pisquei para ele. E ele apagou. Assim nas costas. Contive o riso.

 

Um escuro se fez. Ao contrário do que se fala. Bem ao contrário. Foi quando a luz apagou que veio a esperança. E prosseguia a cerimônia. Sem interferências. Com menos risco de furo jornalístico. Os pés dele sobreviveram.

 

Olhei para ela mais uma vez. Continuava tranqüila. Os fios da franjinha dela, irreverentes, esnobes, ainda voavam.

 

Aceitei. Agradeci. Não ao Edson. Não ao fabricante.

 

Olhei para Cima. Agradeci!!!!!

 

 

publicado por Lêda Rezende às 14:44

Março 22 2009

Tomei fôlego. Agora posso repensar. Acho que este é o lugar ideal. Para avaliar sustos.

 

Desde ontem até hoje. Foi uma surpresa total. Bateu o recorde. Daquele último que tomei. Pensei que já ganhara o primeiro lugar no concurso de sustos. Mas não. Este venceu. Até porque este foi diferente. Vencedor em outra categoria. Assim diriam os juízes do meu concurso particular de sustos. 

 

Mas é verdade.

 

Quando li o texto. Quando vi meu nome em negrito. Primeira vez que vejo meu nome em negrito. Na publicação da resenha não era em negrito. Devo ter um problema com nome. Cada vez que publicam, eu me particularizo. Bela conclusão. Vou guardá-la para um futuro. Imagino o que poderá acontecer. Se um dia sublinharem.  Ri discreta. Não adiantou. Perceberam. Bom. Melhor pensar no sublinhado depois. Ainda preciso dar conta do negrito.  

 

E as comparações. Comparou meu escrito à suavidade. Com a brisa. Com a serra. Meu nome entre a brisa e a serra. Quanta honra. Agora sei bem porque alguém fala isso. Quanta honra. Tenho aprendido bastante. Estou encantada. Até imprimi o comentário e a recomendação. Leio e releio. Estou insaciada. Alegria insaciada. A melhor das alegrias. Que sorte a minha.  

 

Outro baita susto. Desse jeito vou virar a rainha dos sustos. Vou parar naquele livro de recordes bizarros. Até dei um pulo. Agora que entendi o por que da hemoptise. Da metáfora. Da serra e da brisa. A palavra tísica. Que inteligente ele. Que sutileza. Um poeta. Não é à toa. Que é de mundo.

Não pude deixar de rir. Desculpas à mocinha que mudou de lugar, mas foi incontrolável.

 

Esta sonoridade foi terrível. Sei que tem um nome para isso. Uma figura de linguagem. Mas não lembro. Ainda bem. Um doutor em Linguistica poderia me processar. A mim já bastam os juízes dos sustos. Nada de acréscimos. Ele nunca vai saber disto. Poderia rasgar o texto. O contexto. O pretexto. Apagar o negrito. Melhor nunca mais repetir isso. Mas é o que dá. Ter idéias de menos em trilhos de mais. Acaba-se perdendo o estilo. Pior ainda. Sim. Ainda tem um pior. Imagina. Se ele sabe. Que também sou de lá. Que foi de lá que vim para cá. E fazendo este tipo de arranjo. Sim. Porque figura de Linguagem é que não é. Só um arranjo mesmo. E de má qualidade.

   

Soube por ele. No meio da tarde. Em meio aos gráficos. Leu pelo telefone. Estava feliz. Compartilhando. Ele apoiou. Riu.  Adoro quando ele faz isso.

 

Meu primeiro ato foi chorar. Quando escutei pelo telefone o comentário. Aquelas palavras. Talvez um chorinho egóico. Meio cigano. Dividindo com o mundo. Até com os gráficos que estavam sobre minha mesa.  Lá se foram os pontinhos do gráfico. Viraram tracinhos do gráfico. Não sei como vou explicar o desenvolvimento com tracinhos. Enfim, depois resolvo isso.  

 

Preciso comprar um dicionário. Para ler mais verbetes. Agora só visualizo três. Alegria. Felicidade. Susto. Vou ficar repetitiva. Ela que falava isso de mim. Nunca mais falou. Agora vai retomar a crítica. Não vou poder responder. Só falo mesmo três palavras. Desde ontem. Ri de novo. Felicidade egoísta ilimitada. Nada especial. Toda felicidade é mesmo egoísta e por isso ilimitada. Melhor arrumar outro slogan.


Lembrei dela. Delicada. Tímida. Sempre mais séria do que rindo. Decidiu fazer um curso. Quer saber como escrever. Um texto. Um livro. Uma crônica. Uma poesia. E veio me contar. Aprendeu a diferença entre poema e poesia. Achei fantástico. Nunca pensei nisso. Nessa diferença.  Aprendeu também que a rima não tem valor. Fiquei com dó da rima. Que será dela agora. Que tem um curso só para afastá-la. Para dispensá-la.  Falei que não concordava. Não existe técnica. Não existe lógica. Não existe regra. Para se descrever a alma. Decidiu conferir. Procede.

 

Já chegou e eu nem percebi. Passou rápido o tempo. Melhor seguir como um texto. Percorrendo as trilhas. Cortando os obstáculos. Quebrando o vazio de uma folha em branco. Sem cursos. Sem fundo de garantia. Sem aposentadoria. Sem despedir a rima. Com a brisa. Em meio a serra. Contrariando os nossos bacilos mentais de cada dia. Com crateras. Com ôcos. Lendo o comentário. A recomendação. Relendo. Vou até dar uma tossinha. em homenagem à serra. E pontuar com exclamação. Só vou usar exclamação. Quero todas as exclamações.Vou encher uma mala. Para abrir quando quiser comemorar. O comentário e a recomendação.

 

Viva o  obrigada!  Em negrito e com exclamação!

 

 

  

publicado por Lêda Rezende às 14:11

Março 22 2009

Era um almoço festivo. Todos comiam. Bebiam. Barulho de pratos e de talheres em coro regido pelas vozes. Risos. O tempo estava frio. Muito frio. Ela saiu do terraço. Foi para a sala. Sentou-se diante de um espelho. Mas sequer o olhou. Ou se olhou.

 

Sentou-se um pouco afastada. Ajeitou os cabelos. Sempre tinha este gesto quando algo a fazia refletir. Enfiava as unhas por dentre os cabelos. Os jogava bem para trás.Talvez um gesto acariciador. Ou descortinador.

 

Notei o gesto. Ri. Neste instante quem fosse sábio compreenderia. Hora de evitar confrontos. Nada de expor idéias. Mas não há muitos sábios por aí. Os gregos já se foram há tempos. Se um grego ali estivesse saberia. Hora de silêncio. Sem questões.

 

O encontro é para mastigar. Melhor cumprir a finalidade do encontro. Mastigar. Não as palavras. O conteúdo do prato.

 

Comentou sobre a solidão. A possível solidão.

 

Alguém se contrapôs. Discordo. Falou bem claro. Demorei a localizar a voz. Falou de novo. Repetiu sua idéia. A solidão sempre é impossível. Localizei. Ela também.

 

Primeiro ela olhou para as pessoas da sala. Sorriu.

 

Tremi. Temi. Lembrei do livro que não encontrei. Deveria tê-lo procurado mais. Poderia ser útil neste momento. Agora era necessário o útil. Para que o agradável se mantivesse.

 

Das pessoas ela sorria. Às vezes até gargalhava. Mas nunca dos comentários. Todos os comentários tinham força. Viesse de quem viesse. Tinha uma susceptibilidade à palavra proferida. Basculava. Em alguns momentos só escutava. Em outros devolvia.

 

Com severidade. Fosse o que fosse. Fosse a quem fosse. Se entendesse como pessoal era imediato. Entrava na defesa. E não havia verbetes que dessem conta. Dos significantes. Só havia significados. Como se não houvesse metáfora possível. Diferente da solidão. Solidão podia ser possível. Metáfora não. Era a palavra pela palavra. Sem barra.

 

Acho que ninguém notou. Que ela estava mais susceptível. Decidiu pelo vinho. Tinto.Depois virou-se para quem falara. E, calma, explicou. Muito calma. Sim. Parecia mais uma explicação.

 

Se eu dividir uma casa com alguém e esse alguém me destratar, eu me odiarei. E isso faz a solidão possível.

 

Falou assim, de um fôlego só. Como se da água estivesse saindo.

 

Viera de outra cidade. Nem sabia mais de quantas mudanças. Mas nunca estagnara. Mudava-se. Perdia objetos. Perdia rostos. Perdia até confiança. Mas mudava-se. Intuíra desde muito cedo que viver é buscar. Buscar é verbo transitivo. Intransitivo poderia ser o encontrar. Gramática pessoal. Mas persistente.

 

Escutei o que ela falara. Olhei para ela e sorri. Sim. Dividir e destratar. Não combinam. Mas vivem - quase sempre - aos pares.

 

O austríaco não foi tão claro quanto ela. Ela foi mais certeira. Nem o marquês francês pensou com essa objetividade. Até na dupla dinâmica tem essa combinação. Dupla dinâmica. Imaginei os dois voando e fazendo par. Divisão e Destrato. Poderia ser uma dupla caipira. Também. Agora ri. Mas com ar discreto. Vai lá que sou mal interpretada e eu que vou fazer parte. Desta dupla nova.

 

Configurei tantas duplas. A mocinha do metrô e sua mãe. O falso libertador e a ingênua. O ator e a assistente. Tem até título de música. Título de filme. Tantas e tantas duplas me vêm à mente. Mente. Boa metáfora. Até pela mentira se destrata. O que se divide. Nunca vi nada mais partilhado.

 

Lembrei dele. Vai ver por isso é mais pragmático. Tudo dele vem seguido de contrato. Contrato de uso. De divisão. Sempre digo. Ele é sábio. Um dos poucos que restaram. Se contrata, não destrata. Ou dá mais trabalho. Destratar. E acaba-se apenas dividindo. E o corte fica único. Quando há. E de uma só vez. Ele lida bem com cortes. Vai ver aprendeu por isso. Não se destrata aos poucos. Mas de um golpe só. Ele iria rir desta confusão toda que estou fazendo. E iria dizer que entendo nada. De contrato.

 

Agora ri. Dei um pulo da cadeira. Sem querer. De um golpe só soou forte. Ainda bem que deu para disfarçar. E ainda ganhei um guardanapo. Aproveitei o agradecimento para rir.

 

Um casal levantou para dançar. E o filho pequeno ficou entre eles. Deveriam estar lembrando o contrato. A divisão. Para evitar o destrato. Não sei qual deles. Talvez todos. Ou só um.

 

Olhei para ela. Continuava com sua taça de vinho tinto. Ela tem razão. Acho que deveria ter uma lei. Proibido destratar quem divide. Um espaço. Um momento. Uma fase. Uma cama. Uma mesa. Um pensamento. Uma perspectiva. Um plano. Um sorriso. Uma história.

 

Procede. A solidão é sempre possível. A companhia sempre limitada. O ódio sempre auto-infligido.

 

Melhor dar vivas ao guardanapo.

 

Mais uma vez - impossível esquecer o russo.

 

 

 


Março 22 2009

 É verdade. Nem notei. Dez anos. Agora a dúvida. Logo eu que detesto dúvida. Tinha que surgir uma justo agora. Justo hoje.
Aconteceu muita coisa? Aconteceu pouca coisa? Só me vem à mente perguntas.
Ri.
Se eu soubesse respondê-las - nem teriam surgido.
Conclusão à moda austríaca.

E ainda nem me decidi se parece. Se parece pouco tempo ou muito tempo.

Ele quando soube, comemorou. Depois a pergunta. Arrependeu? Assim. Pergunta solta. Ele sempre faz pergunta solta. Quando quer fingir que não tem importância. A pergunta. Mas sei que é quando tem. Perguntou e se pôs a fazer alguma coisa. Disfarçou. Barbas de molho. Esta expressão sempre me lembra ele. Também tem outra. Pulga atrás da orelha.
Ri.
Ele percebeu. Mas preferiu não comentar. Discreto em tudo.  Por tudo.

Aquele dia foi incrível.

Sai de lá. Chega aqui. Em menos de doze horas o Universo trocado. Cenário trocado. Paredes trocadas. Rostos apagados. Rostos apresentados.
Cento e noventa e seis caixas.  Não esqueço este número. Cento e noventa e seis.
Entraram por uma porta. Eu saí pela outra. Para o Hospital.

Caixa sempre é questão. Uma já é. Mas cento e noventa e seis é terremoto.
Ri de novo.
Era mesmo o que parecia.  Meu coração. Parecia um terremoto. Batia de todo o jeito. E de toda falta de jeito.
Acabei no Hospital.

Caixa entrando e eu saindo. Ele que me levou. O mais velho. O mais novo ficou. Angustiado. Rimos muito no caminho. O motorista do táxi não entendia. Era urgente porque era mortal. Como poderia se rir tanto disso. Nem nós sabíamos.

O médico até desconsiderou. Avisou ríspido. Quem está morrendo não ri. Conclui rápido. Ele não entendia nada de morte. Muito menos de riso.
Mas acatei.

Voltei. No mesmo dia. Voltou o compasso. Do coração. Eu sempre fui descompassada.Sempre tive problema de conteúdo e continenti. Não cabia. Nada cabia. Empurrava daqui. Ajeitava dali. Fiz doação. No final: casa arrumada. Casa montada - como diziam de onde vim.
A posse se renovava a cada trinta dias.

Lembrei que tinha um fantasma. Ri agora. Todos o viram. Mudava até as coisas do lugar. Um dia ele sumiu.
Deixou que a integração de posse ficasse para mim. Ou minha.

Ele brinca que sou desorientada. Descompassada pode ser. Desorientada não. Não sei. Talvez sim. Nunca entendi de bússola. Nem sequer compreendo os pontos cardeais. Seguia as setas. Foi por uma dessas setas que nos conhecemos. Uma história simples. Ou uma simples história.
Não parece filme. Não parece do outro mundo. Um encontro. Começa com o olhar. O dele. O olhar sempre traz o impossível de ser dito.
Continua com as palavras. As minhas. Se organizam com o ato. Conjunto.

Eles ainda moravam comigo. Eles chegavam das aulas à noite. Jantávamos juntos. Sempre rindo. Nos divertíamos com qualquer coisa.
Tinha um frigobar. No vestíbulo. Passinhos na noite.
Não era o fantasma. Farra no frigobar. Farra de chocolate.
E pela manhã só embalagens vazias.
Ninguém dizia de quem foi o ataque maior.
Ri mais uma vez.

Lembrei do frio. Aquecedor pela casa toda.
Eram tantos que possibilitava a idéia de usar protetor solar.

Ri quase alto.

Nem sabia as ruas. A cada nova esquina um susto. Benditas placas. Ou bendito seja o inventor das placas. Minha vida pendurada num fio.  Olhava para cima e descobria os rumos.  Me sentia numa nau. Arrecifes de um lado. Tubarões do outro. Icebergs mais adiante.

A Nau dos Insensatos. Ou da insensata solitária.  Gostei da analogia.

Ele não entendia como eu gostava do trânsito. Transito. As ruas eram mais minhas a cada dia. Se eram minhas, não faziam mal. Podia demorar nelas. Até hoje gosto das ruas. Gosto da intimidade conquistada.

Ele me achava corajosa. Inteligente disse um dia.
Quase dei um pulo.
Esta palavra sempre me soou tão alheia a mim.  Lembro do dia em que contei isso a ele. O motivo do tal alheiamento. Tive um diagnóstico de retardo de raciocínio. Algo por aí. Ele riu. Negou. Até se irritou. Falava sempre que eu era inteligente.
E a palavra começou a me soar mais próxima e menos verbete.

Muitas vezes ele ria ao me ver sair. Todos já me conheciam. O jornaleiro. A mocinha da livraria. O segurança do estacionamento. Até o judeu mal humorado da lavanderia. Era mal humorado. Mas quando me via sorria. Tinha um neto. Escutei todas as gracinhas dele. Mas nunca o conheci.

A cidade me incorporou. E eu ela. Não sou natural daqui. Mas escolho. Sou artificial daqui.
Ri.
Vou escrever isso em meus registros.

E tinha ela. Era ótimo. Ela vinha todos os dias no final da tarde. Tomávamos chá e comíamos bolo. Ríamos muito. Ajudamos a saúde financeira da fábrica dos bolos
Não sei qual de nós duas era a mais solitária. Talvez as duas. Ou nenhuma das duas.
Só sei que ríamos e comíamos. Quando estava frio era café com conhaque. Poucas vezes choramos.
Agora caiu uma lágrima. Ela se mudou para bem longe. Depois do mar. Quem sabe um dia uma de nós escreve um livro. O Banquete na Cozinha. Perdão Platão. Mas o nosso era mais divertido. E nunca chegou o Alcebíades bêbado. Agora ri mesmo e ele viu.

Me olhou. Viu que estava rindo. Acho que viu que escondi a lágrima. Deve saber tudo que estou pensando. Ele sabe tudo de mim. Sempre. Às vezes tem ciúme. Do tempo que não encontramos a seta. A seta que nos encontrou. Nega. Diz que não se incomoda. Mas sei bem que se incomoda.

Bobagem. Pare com isso. Que abraço gostoso. Sim. Como poderia estar arrependida? Muito bom.

Sim, é verdade. A ignorância é que permite a coragem. Eu tinha as duas. Que sorte a minha.

Concordo. Tudo deu certo. Dez anos. Sim. Sem dúvidas. Aconteceu muita coisa.

Muita coisa boa, maravilhosa.

Viva a artificialidade. Também amo você. Muito.


publicado por Lêda Rezende às 00:42

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