Blog de Lêda Rezende

Janeiro 11 2012

 

VI

                 

Com tudo resolvido e já na manhã véspera da mudança – Leticia desceu toda feliz pelo elevador. A reforma estava finalizada e dentro do previsto. Até acariciou as paredes e circulou tanto pelos poucos metros quadrados que quase ficou tonta. Mas estava encerrada esta etapa.

 

Na manhã seguinte chegaria a Transportadora com o que - na divisão - ficara para ela.

 

Encontrando o zelador – fez uma pergunta que desde o inicio planejava – mas esquecia. Estava ela com uma dúvida operacional. Não vira nesta confusão toda – a menos que estivesse muito mais desatenta do que desejava estar – a saída de gás de cozinha.

 

Vendo-o passar aproveitou para perguntar sobre a cegueira seletiva. Só não esperava a resposta que ele dera. Pela primeira vez - preferiu a cegueira.

 

Não. Não temos – mas há previsão de obras para instalação no próximo ano. Por enquanto somente com botijão de gás dentro da cozinha.

 

Não tinha tubulação para gás encanado. Murmurou meio de si para si. Não porque planejasse esse meio resmungo – mas porque a voz desapareceu.

 

Despediu-se dele com um aceno e uma imitação de riso e saiu. Resolveu caminhar um pouco pelas Alamedas - quem sabe a caminhada ajudasse na solução. Ou quem sabe algum duende verde viria com alguma boa sugestão. Nesta época ainda não estava com amizades com a fadinha.

 

Apelou para o tal duende. Mas de verde mesmo só viu a própria imagem assustada num reflexo de uma vitrine. Nem lembrava quando fora a última vez que estivera frente a frente com um deles. Não frente a frente com um duende. Frente a frente com um botijão.

 

Ela não sabia lidar com botijão de gás. Simples. Não sabia. Além do mais considerou espacialmente incompatível um botijão dentro daquela minúscula metragem da cozinha. Não compreendia como não tinha visto.  

 

Os passos seguintes pelas Alamedas trouxeram de imediato uma lembrança. A das falas das poucas amigas que contara sobre os desvios na rota do Futuro compartilhado - que de previsto passara a abolido.

Alertaram – morar sozinha de todo é perigoso. Sempre há assaltos e o pior – pode-se ficar morta durante dias sem ninguém perceber.

 

Simpáticas – pensou. E encantadoras – pensou de novo. Mas não era momento de refletir sobre amigas temerárias. Já tinha muito para resolver

depois da dolorosa notícia da falta de encanamento.

 

Mas foi impossível evitar imagem de corpos mortos solitários em apartamentos como as amigas advertiram – depois da imposição do tal botijão. Por certo tinham botijão de gás – os pobres mortos solitários. Isso ninguém comentou – foi o que concluiu de mais sábio naquele instante. Roxa sorriu. Ou talvez tivesse sorrido. Já não garantia o tipo da expressão facial que surgia depois da assustadora informação. Deve ter ficado branca como neve.

 

Sempre gostara de contrapontos.

 

Enquanto descia pelas tais Alamedas buscando algum – pelo amor de Zeus – mágico duende solidário - veio uma lembrança repentina. Vai ver fora realmente por alguma intermediação esverdeada.

 

Lembrou numa inspiração súbita e forte. Quase perdeu o fôlego. Ainda bem que a voz tinha sumido – senão seria uma espécie de grito que se escutaria. Até tossiu para ativar os pulmões.

 

Lembrava de algumas cenas da infância não muito claras – na cozinha. Mas uns pequenos traços de Memória se uniram e se fizeram presentes como uma espécie de auxílio intempestivo. Lembrou a mãe colocando com uma esponja um pouco de espuma de sabão na saída – não tinha certeza onde exatamente – mas talvez na conexão do botijão com o fogão.

Quase escutou a voz da mãe experiente - se fizer bolhinhas é sinal de risco iminente de explosão.

 

Quando a palavra explosão veio à mente – o corpo até reagiu. Não só os braços – mas o corpo todo. Até sentou-se num banquinho em frente a uma lojinha da Alameda. Imagina uma explosão de um botijão de gás num espaço de cinquenta metros quadrados. Não teria jeito nem com a ajuda do maravilhoso senhor Elson – Evesio – Everdson. E por certo ele ficaria irritadíssimo quando visse o piso que colocara tão maravilhosamente perfeito - espalhado e destroçado entre paredes e teto.

 

Sim. Paredes. No plural. Desta vez o vizinho que escapara de tanta ameaça que viria depois - de derrubar a parede do apartamento dele para instalar sofá cama e varão de cortina no apartamento dela – não escaparia da tal explosão. Desta vez teria um amplo espaço com pisos e pedaços da alta tecnologia do fogão na sala dele. Sem falar na terceira dimensão da televisão. Tanto esforço para subir no elevador para depois ficar no plano de última dimensão.

 

E além do mais moraria – Sim – sozinha. Um detalhe de extrema importância. Quem faria esta parte de retirar – colocar – testar e ligar – seria ela. Sem esquecer a tal esponja com espuma. Acabaria ensaboando até a geladeira. E explodiria tudo limpíssimo. Com toda esta sequência aumentara o risco de engrossar as estatísticas das amigas cuidadosas.

 

Nem conhecera ainda o Francesco e por certo a tia Luiza perderia a chance de acreditar em Papai Noel. Quanta alteração no Destino por conta de uma caninho ausente.

 

Nem pensar.

 

Nem tudo é solidão e dificuldade. Ou obituário de jornal. Pode fazer de outra forma. Falou num sussurro já diante de outra vitrine e em outra Alameda. A escolha – a decisão e a vontade - agora é sua. Temer e evitar também faz parte do direito de posse. 

Sempre se pode transformar pensamento em diálogo. Bendito seja o inventor do alter ego. Sorriu. Não tinha duende verde – mas tinha alter ego.

 

Logo que soube pensou em dramatizar a situação tornando-a tema de jantar na casa dos filhos e norinhas. Mas não se imaginava contando esta novelinha para quem quer que fosse. Ou que esta historinha tivesse algum ponto de interesse para quem quer que fosse – além dela mesma. Quem poderia se interessar por questões tão simples e corriqueiras - além do alter ego e do temor dela. Nem o tal duende se interessara. O mundo parecia se mover muitíssimo bem sem as tais questões de botijões e encanamentos.

Imagina se contasse também que descera as Alamedas em busca de um duende verde e que ele não aparecera. Iria ficar de roupinha nova – aquela branquinha que se amarra com tirinhas. Os braços iam ficar bem mudos para trás. E o espaço onde passaria a morar seria menor que este - com a única diferença de ter paredes acolchoadas e falta de acesso a fogões e muito mais ainda a botijões.

 

Sorriu de novo. Inventara há muitos anos um pêndulo imaginário. Até quis registrar o domínio. Mas não existe registro público para uma criação imaginária. Sentiu-se um gênio desconhecido. Riu ao lembrar-se disso.

 

Funcionava de forma egóica – e obviamente prática. Cada vez que se imaginava contando algo a alguém – e este tal pêndulo imaginário oscilasse para o lado do ridículo - era porque realmente o relato era ridículo. E nada contava. Buscava a solução mais pertinente e encerrava a dialética com ela mesma.

 

Este era um dos filtros mais importantes que ela utilizava sempre antes de depositar qualquer queixinha em ouvidos alheios. Conversava com o alter ego primeiro e depois com os outros egos. Considerava uma tática de guerrilha. E tática vencedora – nunca errara. Só errara quando agira por impulso e saíra por ai falando as primeiras asneiras que surgissem na cabeça – deixando empoeirado num canto qualquer o tal pêndulo imaginário.

 

E sabedora de que cada um tem seu filtro – sabia também que nem sempre os excessos de um se entendem com os filtros dos outros. E vive versa. Assim aprendera sobre cautela.

 

De filtro em filtro – agiu com pragmatismo. Lembrou a fase atual do – é meu. Todo meu.

 

Quando a mudança foi feita lá se veio o fogão. Foi encaixado no lugar correto – e inclusive liberado um espaço para o tal botijão ameaçador.

E lá ficou qual um enfeite ultrapassado e gasto – sem uso por alguns meses. A querida Lilian veio e se foi. O sábio Álvaro pendurou luminárias e quadros. Teve tempo até de discorrer sobre a nomenclatura do mamão. As meninas riram dos avisos nas caixas. A tia Luiza passara a crer em Papai Noel.

 

Tudo acontecia e o mundo girava – menos o fogão. Lá ficava. Desligado. Desencanado. Sem botijão. Inútil.

 

Leticia passava por ele – fingia que não via. Olhava de cantinho de olho. E nunca a ele se dirigiu a não ser para colocar algum objeto em cima - enquanto abria alguma porta de armário. Quem perguntasse quando o colocaria em funcionamento – ela respondia – qualquer dia desses surge um espaço para ele. Somente isso. Os que perguntavam não continuavam. Por certo entendiam que ainda era uma adaptação. No que não estavam absolutamente errados.

 

Qualquer decisão que inclua um pouco que seja da oralidade – também tem que ser bem pesada. Riu de si mesma e das metáforas ou analogias sem a menor validade.

 

Definido o quero e o não quero partiu para a solução. Desta vez sem analogias nem metáforas. O objeto em questão não mais pertencia ao desejo da função. Um simples caninho o destituíra. Assim ficava então passível de indeferimento. Simples – se não queria ter botijão de gás – não precisaria ter fogão. E ainda valia mais uma vez - um vice e versa.

 

Uma cozinha moderna surgiu repentinamente. Já havia bastante com o que se preocupar. Botijão de gás era realmente nada.

 

Numa tarde de folga - entrou na internet. Localizou um site de compra e vendas. Gostou. Seguiu todas as orientações e lá dispôs o tal fogão órfão de encanamento.

 

Vendo fogão novo – sem defeitos – pouco uso. Acrescentou os detalhes de tecnologia e as tantas vantagens decorrentes.

 

No minuto após o anúncio – surgiram candidatos. Vários. Não sabia que tantos estavam dispostos à adoção de um fogão.

 

Um deles mais interessado foi logo entrando em contato pelo mail particular dela. Leticia – inegável – teve uma pontinha de temor. Lembrou – mais uma vez – das amigas cuidadosas. E se fosse um assaltante disfarçado. Sorriu de si mesma. Por que o infeliz do assaltante se disfarçaria em comprador de fogão órfão. Sempre escutara que a base para ser um assaltante é justamente a preguiça em desenvolver um trabalho. Não seria justamente este que teria todo esse trabalho para assaltar um lugar que ele por certo não saberia de alguma riqueza associada. Em especial à venda de um pobre fogão.

 

Baniu o pensamento. Silenciou as amigas.

 

Agora já amiga da Fadinha – uniu-se a ela. Limpou o fogão. Deixou-o reluzente. Por pouco se apiedava do coitado – tanto tempo sem atenção e agora aquela faxina toda. Até os objetos podem ser iludidos. Mas retomou o tão já ameaçado senso de sanidade. Nada de conversar com fogão. 

 

No dia marcado e na hora marcada chegou o comprador. Apresentou-se na Portaria ao Zelador requisitado por Leticia para – por via das dúvidas - servir de identificador de assaltantes que casualmente gostem de trabalho.

Quando comentara por alto com o Zelador que não conhecia a pessoa que viria buscar o produto de uma venda – ele abriu os olhos um pouco exagerado. Vai ver também receava os tais assaltos e os mortos solitários e esquecidos em apartamentos. Mas se dispôs a acompanha-lo desde a chegada e subida até a saída do prédio. Muito gentil.

 

Mas longe disso.

 

O comprador era um senhor de cabelos todos brancos. Magrinho. Sotaque arrastadinho. Chegou acompanhado pela esposa – uma senhorinha que ria de qualquer fala. O zelador até diminuiu o tamanho do esbugalhado dos olhos.

 

A senhorinha sentou-se na cadeira da salinha e olhou em volta. Comentou algo sobre como alguém consegue viver em tão pouco espaço e acrescentou - eu ficaria sufocada. Leticia ia abrir a boca – mas desconsiderou. Fechou de volta e por garantia ainda colocou os dedos sobre os lábios. Nada de vaidades feridas ou orgulhos desconsiderados. O caso ali era apenas uma venda de fogão. Não daria uma festa. Não os convidara para se hospedar. Nem muito menos estava vendendo nem um sequer dos cinquenta metros quadrados. Apenas se livraria de um intruso. O fogão.

 

Ao ver o marido com a ajuda do zelador carregando o fogão - a senhorinha esqueceu a metragem sufocante e sorriu. Levantou-se com um ar de alegria e alívio. Pareceu até rejuvenescer. Não imaginara que fosse um fogão tão novo – que maravilha. Bateu até palminhas toda feliz quando viu o fogão saindo do apartamentinho para seguir em direção à casa dela.

 

Leticia se controlou para não fazer o mesmo – bater as palminhas – pelo mesmo motivo da senhorinha. Poderia não ser bem compreendida e obstaculizar a compra e venda. Já resistira à observação de arquitetura pneumológica da sorridente senhorinha – não seria agora que iria arriscar algum tropeço por conta de umas palmas fora de propósito.

 

O marido deixou um pouco o fogão no hall do elevador e voltou para finalizar a compra. Enquanto separava o valor exato – comentou a aventura de saída de casa e chegada à cidade.

 

Explicou - vieram de uma cidadezinha do interior não muito distante e saíram cedo de casa. A estrada teve um acidente sem gravidade – mas que atrapalhou o fluxo de carros e o horário planejado. Pretendia ter chegado mais cedo. Desculpou-se. Mas estavam felizes pela compra. Moravam num sitio – quatro filhos e dez netos compartilhavam todos os finais de semana com eles. Tinham trinta e nove anos de casados. E compravam mais um fogão.

 

Leticia desta vez baniu Freud que já vinha de lá dando opiniões.

 

Enfim - com o fogão devidamente vendido – nada mais de preocupações com botijão de gás.

 

Quando eles saíram – tratou de organizar o espaço esvaziado. Ao contrário da senhorinha do sítio – achava que tinha espaço até de sobra. Já foi rápida colocando uma mesinha com uma linda toalha portuguesa. Não tinha mais volta – mas por via das dúvidas e sendo precavida - se voltassem apontaria a falta de lugar. A senhorinha sufocada por certo não só entenderia como fugiria buscando ar. Riu.

 

A modernidade e a praticidade seriam agora integrantes da nova vida. Viva a nova vida – pensou a Leticia sem uma só ruguinha de saudade do fogão. Até porque fora bem adotado. Ficaria reluzindo em chamas azuis por todo o dia. E o que não faltaria seria espaço nem pessoas. Seria como um membro da família.

 

Lembrava muito bem o quanto celebrara quando ele – o fogão - entrara porta adentro do último apartamento destituído. Quando o porteiro avisou da entrega - autorizou subir e já abriu a porta sorrindo. Daquela vez não temia assaltantes nem requisitou avaliador de personalidade. A própria empresa que entregou – fez no mesmo instante a ligação – com o encanamento.  Quando saíram – tudo funcionava. Ocupara um espaço adequado e perfumara as conversinhas de começo de noite com aromas deliciosos. Cumprira a finalidade por um tempo. Assunto encerrado.

 

Qual uma Filosofia oscilante pensou – naquele dia da entrega deixara o cantinho específico reluzente para receber o novo fogão. E agora neste dia da saída restava um cantinho especifico também reluzente para demonstrar a saída. A vida tem tanto vai e vem – que nem sempre se consegue acompanhar. Riu.

 

Ainda bem que não tinham encanamento de gás no prédio novo.

 

Estava diante da escolha e da vontade própria. Quando avisou sobre a venda o Roberto se preocupou. A Aline também. Você vai ficar triste – ambos disseram.

 

Não.

 

Cozinharia – sim - as comidinhas com os mil temperinhos que gostava. Teria uma dieta saudável e prazerosa. E - acima de tudo – pouco trabalhosa. Quase riu lembrando o perfil preguiçoso que definia um assaltante. Vai ver era agora assaltante do próprio prazer. Ou da infância - reencontrada no horário de dormir.

 

Estava mesmo era feliz com a decisão e cumprimento da decisão – livre de discussões teóricas ou práticas. Sem dialética de convencimento nem retórica de aconselhamento.

 

Apenas o ato pelo fato.

 

Cozinharia em placa de indução – que já comprara enquanto aguardava a saída do já inútil órfão. Já constava como itens - desde que mudara - uma panela de arroz e um micro-ondas. Perfeito. Na feirinha do bairro uma senhora sorridente e de mãos magras - vendia já tudo picado e higienizado. Era só selecionar o que faria durante a semana e nada mais de tanto lavar e secar.

 

Sorriu de novo. Até se abraçou. Obviamente sabia que o mais importante na realidade não era a venda nem o caninho ausente. O mais importante é que agira. O verbo agir mudava de tom. Não aceitara nem desistira. Não rebelara nem ofendera. Não omitira nem resignara. Não temera nem calara. Só agira de acordo com a própria vontade.

 

E se tinha que ver com o fogão e com a falta do tal caninho - também tinha que ver com ela.

 

Sem falar que estava muito feliz por não ter que ensaboar conexão de botijão nem se imaginar voando pelos ares num torpedo gaseificado.

 

Cecilia e Roberto – sempre atentos já foram presenteando com panelas especiais para micro-ondas. Aline e Renato com as adequadas para a placa de indução.

 

A Lilian que gostava de relatos leves - ao saber toda a história na realidade e na seriedade - achou meio sem graça. Até descartou a possibilidade de ter falado uma frase que a Leticia atribuiu a ela. Não lembrava ter feito algum comentário sobre cozinha ser conceito e não objeto. Mas vai ver falara e não lembrava. Mas tinha certeza absoluta de que não a assustara com corpos mortos nem com assaltos em ambientes de pouca metragem. Justo ela que só gostava de relatos leves – jamais faria parte integrante de grupos de leitores da Seção Policial. Estava certa a Lilian. A Memória que pode até falhar numa frase pronunciada – mas nunca erra dentro dos próprios valores. Estivesse a Leticia com uma tacinha – brindaria em direção à Lilian.

 

Esta foi uma das vezes que errara ao falar por impulso as primeiras asneiras que surgiram na cabeça – deixando de lado a ajuda do tal pêndulo imaginário que tanto utilizava.

 

Enfim.

 

Leticia deitou-se naquela noite pensando na nova decoração da cozinha.

 

Com a falta de paredes e a composição métrica do apartamentinho – da cama olhava para o espaço reaproveitado. As cores da toalha sobre a

mesinha davam um toque a mais de alegria ao antes não festejado. Observava não só o que ocupara o lugar – mas o que definira o Lugar.

Com a vida profissional em escala crescente e com a nova fase de vida em escala independente – pensava sobre as diferenças – ou as sutis semelhanças - entre inovar e renovar.

 

Os braços percorreram a cama. Dormiu.

 

Um tempo depois ao acordar pela manhã – vai lá saber porque - lembrou-se do episódio do fogão. Sentada diante do balcão sorriu enquanto tomava o café da manhã com calma. Da outra ponta as plantinhas balançavam com o ventinho que entrava pela janela.

 

Sorriu por uma lembrança. Num dia de folga convidou uma amiga para almoçar em casa. Organizou a mesa. Escolheu a toalha. Fez um serviço impecável. O cardápio adequado.

 

A amiga entrou e conversavam enquanto Leticia colocava as comidinhas no balcão para que se servissem. Ela – a amiga - olhou para a cozinha e fez aquela expressão quase infantil de quem busca. Não encontrando o objeto da busca - perguntou onde ela escondera o fogão.

 

Leticia explicou sem muitos pormenores a decisão – e os motivos da decisão. A amiga surpresa comentou – nunca conheci alguém que tivesse dispensado o fogão da cozinha. Ele tem razão em ter desistido de investir na relação. Riram.

 

Acrescentou outro verbete ao já existente é meu todo meu. Acrescentou - eu posso. Mais um pouco e teria usado o spray que o Roberto dera para ela pichar a parede como dona absoluta dela.

 

Quando deu por encerrada a rotina dispensou as lembranças e saiu.

 

 

publicado por Lêda Rezende às 23:31

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